Antes de 4 meses, venda de carne não deve ser retomada
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que as discussões sobre o embargo europeu à carne brasileira podem durar mais de quatro meses. Segundo o ministro, será preciso negociar o aumento do número de propriedades admitido pelos europeus para exportar carne para aquele mercado. “Do jeito que está, com 300 propriedades, não é possível encher um contêiner para exportar. Precisamos de 3 mil a 5 mil propriedades”, afirmou, depois de participar de reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Stephanes explicou que o governo terá de discutir como será o processo de agregação de novas propriedades à lista. Ele lembrou que os europeus não questionam a sanidade, mas a rastreabilidade do rebanho brasileiro. Segundo o ministro, o erro do Brasil foi aceitar as mesmas regras aplicadas na Europa. “Elas foram criadas por causa do mal da vaca louca, doença que nós não temos.” Na quinta-feira, o governo deve apresentar aos europeus uma lista com as propriedades que se enquadram nas regras. A relação será menor do que as 2.681 fazendas relacionadas numa primeira lista, que foi rejeitada pela União Européia.
O embargo à carne brasileira e os motivos do veto provocaram um racha entre os pecuaristas do País. Enquanto as secretarias de Agricultura de Minas Gerais e do Espírito Santo aceitaram reduzir o número de fazendas habilitadas, a secretaria de Agricultura de Goiás manteve posição firme e disse que a “escolha” das fazendas deve ser do governo federal. “Ou vai todo mundo ou não vai ninguém”, disse o secretário de Agricultura de Goiás, Leonardo Veloso. A lista enviada pelo governo de Goiás ao ministério traz 778 propriedades. Dessas, o ministério informou que apenas 88 cumprem as determinações da UE, irritando os pecuaristas locais.
Ontem, último dia para entrega das listas elaboradas pelos seis Estados que compõem a área habilitada para exportar carne para o bloco, a certeza era de que a lista que será entregue pelo secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, às autoridades européias, indicará um número de fazendas superior às 300 propriedades pedidas pelos europeus. O total também deve superar as 600 fazendas estimadas na semana passada por Stephanes. Fabíola Gomes e Fabíola Salvador - AE