Ao ressaltar os sistemas de plantio direto, plantio sobre palhas e integração lavoura pecuária, ex-ministro da agricultura alerta para a necessidade de mais investimentos em pesquisa agrícola.
Nos últimos cinco anos aplicamos pouco mais de 10% do orçamento em pesquisa agropecuária. Nesse ritmo, em 10 anos estaremos como na década de 60. A advertência parte do ex-ministro da Agricultura na década de 70 e um dos responsáveis pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no País, Alysson Paulinelli.
Em palestra ministrada no Centro Tecnológico Comigo (CTC), em Rio Verde (GO), durante a Agrishow Comigo 2007 – Paulinelli avaliou como os investimentos em pesquisa agropecuária nos últimos 30 anos modificaram a forma de se produzir alimentos no Brasil.
Em sua explanação o ex-ministro traçou um paralelo entre a agricultura desenvolvida na década de 60 e 70 no Brasil, quando metade da população brasileira vivia na zona rural, e a agropecuária praticada hoje em um País cujo índice da população rural não ultrapassa a casa dos 18%.
Com o mérito de ser o primeiro brasileiro a receber o "The World Food Prize" pela contribuição no desenvolvimento da agricultura em áreas de Cerrado, Paulinelli enfatizou o progresso da agricultura tropical brasileira. "O Cerrado é uma verdadeira caixa de segredos. Uma caixa dentro da outra e cada uma com surpresas diferentes. Estamos, agora, abrindo a segunda caixa", diz.
Porém, para que a agricultura em áreas de Cerrado continue se desenvolvendo sem danos ao meio ambiente é necessário que as pesquisas em técnicas agrícolas sejam incentivadas. Paulinelli explicou que em 2006 dos R$ 4 bilhões previstos pelo Governo Federal para investimento em pesquisa agropecuária, R$ 2 bilhões foram contingenciados. "Das 17 empresas estaduais de pesquisa no País, apenas sete estão em operação. As universidades sofrem com a falta de recursos. O governo tem de dar atenção à essa área", deixou como recomendação.
Alysson Pauninelli é engenheiro agrônomo. Membro da Academia Nacional de Engenharia e do Conselho Administrativo da Parmalat Brasil. Foi ministro da agricultura entre 1974 e 1979 e responsável pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Foi presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entre 1988 e 1990. Atuou nos conselhos administrativos e consultivos da Manah, Serrana, Campo e Bunge do Brasil. Em 2006 foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio "The World Food Prize 2006" – considerado o Nobel da alimentação – por auxiliar no desenvolvimento de tecnologias que tornassem viável a produção de alimentos no Cerrado Brasileiro. Agrishow