Uma comissão de agricultores de Rio Verde, está percorrendo agora pela manhã várias empresas e indústrias responsáveis pelo esmagamento e transporte de soja. Eles querem o apoio de todos os setores ligados diretamente e indiretamente com a agricultura para a mobilização que eles começam hoje, por volta das 13 horas, na BR-060, com o estreitamento da rodovia para dificultar a chegada de alimentos aos grandes centros para forçar uma alta dos preços.
A cooperativa COMIGO já manifestou apoio ao movimento e já está com as suas atividades paralisadas. Nenhum caminhão mais será carregado. Eles contam ainda com a mesma iniciativa e apoio por parte da Cargil, Caramuru, Cereal, Granol, Mosaic e Brejeiro. A intenção é fazer com que não haja o carregamento de grãos em Rio Verde.
O movimento conta ainda com a participação de caminhoneiros, que além de apoiar a causa dos produtores também reivindicam a melhoria nas rodovias. Manifestaram apoio também o presidente da Acirv (Associação Comercial e Industrial de Rio Verde), Oduvaldo Lopes, que conclamou todos os empresários da Cidade para se juntar ao grupo no estreitamento das rodovias. Várias outras entidades de classe e o próprio poder público municipal também estão apoiando a causa dos agricultores. O prefeito de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha, espera a definição de alguns frigoríficos que também podem fechar as portas. Reivindicações De acordo com os organizadores do manifesto, o estreitamento das rodovias devem permanecer por tempo indeterminado, até que suas reivindicações sejam atendidas. Eles querem a prorrogação do prazo de suas dívidas para 20 anos a uma taxa de juros anual de 3%. Outro ponto que eles reivindicam junto ao Governo Federal é o seguro rural. Ontem eles aderiram às manifestações que estão acontecendo em sete estados do País, para protestarem contra a política econômica e agrícola do Governo Federal. O movimento Crise do Ipiranga tem este nome por ter iniciado na cidade de Ipiranga do Norte (MT). Estreitamento O estreitamento será feito no trevo de entrada de Rio Verde, que liga as rodovias BR-060 a BR-452. O afunilamento será feito por cerca de 200 tratores e mais 50 caminhões que serão colocados no meio da rodovia para reduzir a velocidade do tráfego no trecho. Segundo os organizadores o movimento tem o caráter pacifico e ordeiro. Paulo Roberto explica que a idéia é não atrapalhar a vida das pessoas mas ao mesmo tempo mostrar a indignação dos agricultores com a atual política do Governo Federal. Para isso os produtores decidiram também que será permitida a passagem de: carros de passeio; ambulâncias; caminhões baú com resfriamento; caminhões de combustível; cargas perecíveis; cargas de animais (vivos); leite e derivados; e rações. Esse tipo de mobilização está acontecendo em diversas cidades de Goiás, Matogrosso, Matogrosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Rio Grande do Sul e os estados de Piauí e Minas Gerais que devem aderir ao movimento nos próximos dias. Em Goiás, até o momento, já manifestaram apoio a esse movimento os municípios de: Acreúna, Jataí, Quirinópolis, Montividiu, Vicentinópolis, Santa Helena, Mineiros, Cezarina, Itumbiara, Goiatuba e Palmeiras. A previsão é que esse número aumente nos próximos 3 dias. Brasília No próximo dia 16, os agricultores estão organizando uma grande manifestação em Brasília com a participação de produtores de pelo menos oito estados do País. Desta vez eles não levarão as máquinas para fazer um tratoraço como foi feito no ano passado. A idéia, de acordo com os organizadores, é concentrar juntar os produtores com os representantes da bancada ruralista no Congresso Nacional para apresentar as propostas ao presidente Luís Inácio Lula da Silva. Veja abaixo alguns trechos dos discursos de lideranças sobre o manifesto: “Quando o agronegócio vai mal todos os setores sofrem. Nos (empresários) temos e devemos ser solidários com todos os movimentos realizados por eles (agricultores). Estou me colocando à disposição para estar solidário não apenas de discurso mas presente nas rodovias para fazer o estreitamento nos tratores” Oduvaldo Lopes, presidente da ACIRV (Associação Comercial e Industrial de Rio Verde) “Somos solidários e estamos aqui para manifestar esse apoio e reivindicar a melhoria das nossas rodovias para que se haja melhores condições de trabalharmos e conseqüentemente o melhor escoamento da produção” Pedro Velasco, presidente do Sindicato dos Transportes de Rio Verde “Hoje nós temos um inimigo da agricultura na Presidência da República. Infelizmente temos um Presidente que, em nenhum momento, fez seque um pronunciamento dirigido à solucionar o problema do agro-negócio, a discutir a navegação do Araguaia (hidrovia) ou para tratar do seguro rural. No meu conceito, nos (agricultores) estamos em uma guerra pela sobrevivência dos setores produtivos. Vamos lutar até o final para conseguirmos sobreviver”. Paulo Roberto Cunha, prefeito de Rio Verde. “O setor agrícola vem sofrendo diversas crises nas administrações dos quatro últimos presidentes da República. Não temos atenção do Governo Federal já a muito tempo e não dá mais para sustentar essa situação, ficou insuportável. Não temos condições de pagar essas dívidas que se arrastam por 10 a 15 anos. Temos que ser coesos e tomar uma atitude igual em todo o Brasil”. Álvaro Henkes, vice-presidente da COMIGO “Mais uma vez estamos aqui, para protestar e mais uma vezo nosso problema não é a produção mas a renda. Precisamos de condições para conseguir pagar os custos da produção e poder sobreviver. Na verdade o melhor movimento que poderíamos fazer seria todos os agricultores cruzar os braços por um ano e parar a produção do País mas sabemos que isso é uma utopia. Contudo temos uma grande força aliada ao nosso movimento esse ano, que são os caminhoneiros e podemos ter a maior mobilização da história”. José Roberto Rossel, presidente da Comissão de Grãos da FAEG