O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar - Goiás), Macel Felix Caixeta, faleceu às 20 horas do dia (03), devido a complicações de um câncer. Ele estava internado no Instituto de Neurologia de Goiânia (GO), desde o dia 25 de abril. No último dia 15 de abril, completou 66 anos de idade. O corpo será velado na sede da Federação (Rua 87 nº 662, Setor Sul). O horário e local do sepultamento ainda serão definidos. Macel Caixeta deixa a esposa Olga de Passos Alencastro Veiga Caixeta, três filhos Adriana, Alexandre e Luciana, casados com Francisco Arruda, Larissa Xavier e Marcelo Duarte e duas netas, Nicole e Amanda.
Apaixonado pelo campo, foi um trabalhador que nunca se cansou de lutar pelos seus ideais, por benfeitorias ao setor agropecuário e por um País melhor, Macel Felix Caixeta é um exemplo de dedicação à família, de compromisso ético ao trabalho, e de espírito de luta frente aos problemas e aos obstáculos.
Após sete anos à frente da Faeg, Macel Caixeta encarou mais um desafio e se candidatou a um novo mandato para o triênio 2008/2010. Ele foi eleito com 100% dos votos válidos, no final de 2007. Em seu discurso de posse, muito emocionado, revelou aos mais de 1,5 mil convidados presentes, sua batalha contra o câncer. “Sempre fui uma pessoa que acredita no futuro e tenho me esforçado", enfatizou na época de sua posse.
Em âmbito nacional, defendia os interesses dos produtores rurais brasileiros como o titular de uma das principais comissões da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas. Era Membro do Conselho de Representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), membro do Fórum de Entidades Empresariais de Goiás e membro Efetivo do Conselho Deliberativo do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
Durante os últimos 28 anos pertenceu ao quadro de associados do Sindicato Rural de Vianópolis, município goiano em que atuava como agropecuarista. Há 20 anos esteve ligado a Faeg onde exerceu os cargos de diretor tesoureiro, conselheiro e presidente. Nesse período, foi liderança atuante nos principais episódios que marcaram a agropecuária goiana e nacional, sempre trabalhando na defesa do produtor e da atividade rural. Foram dele os projetos da criação da Patrulha Rural, do Cheque Moradia Rural, Programa Pesebem e do Cartão do Produtor Rural.
Sempre procurou se informar dos últimos lançamentos e avanços tecnológicos, por meio de estudos, estágios e viagens por todo o Brasil e exterior. Assessorou o Governo do Estado de Goiás nas decisões políticas voltadas para a agricultura, assim como, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Em sua fazenda, em Vianópolis, conseguiu um dos mais altos índices de produtividades de trigo por hectare do mundo, comparado aos registrados no Canadá.
Tinha objetivos tão focados que, certa vez, quando seu nome foi cogitado para ser secretário da Agricultura de Goiás disse, na época, que não ocuparia o cargo porque nele não poderia ajudar os produtores da forma com que necessitavam. "A Secretaria de Agricultura é um órgão político e, felizmente, não tenho essa vocação política partidária. Acho que tenho muito mais para fazer pela agricultura e pecuária goiana dentro da própria Federação”, esclareceu Macel em uma entrevista recentemente concedida a um periódico goiano.
Um dos projetos mais arrojados sob a sua coordenação, e em andamento, é o Plano Nacional de Política Agrícola, nascido das bases sindicais, com total apoio das Federações de Agricultura dos Estados Brasileiros e da própria CNA. A pretensão era entregar o documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E ainda, criar em Goiânia uma escola profissionalizante para o setor agropecuário. O próprio prefeito Iris Rezende Machado se comprometeu a doar um terreno para a construção da referida escola.
Uma vida de batalhas
Macel Felix Caixeta nasceu no município de Silvânia (GO), em 1942. O pai era agricultor que criou os filhos ensinando-os a importância do trabalho. Até a quarta série ginasial, Macel andava 10 quilômetros por dia de bicicleta para estudar, essa foi sua rotina até terminar o ensino fundamental.
Aos 18 anos sua família se mudou para Goiânia para que os filhos pudessem continuar os estudos na capital. Tudo custeado com muito esforço. Nessa época, para auxiliar as finanças da casa, Macel encontrou seu primeiro emprego formal e trabalhou como corretor imobiliário. Depois de algum tempo adquiriu uma frutaria que o exigia uma dura rotina diária de trabalho e estudos.
Todos os dias, estava pontualmente às duas horas da manhã no Mercado Central para comprar frutas – na época não exista as Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa) – e estudava até as 23 horas no tradicional colégio da rede pública, Lyceu de Goiânia. Macel serviu o exército e foi para Ipameri. Logo veio a transferência de seu grupo para o escalão avançado do Ministério da Guerra, em Brasília (DF). Alguns anos depois, voltou para Goiânia, onde retomou os estudos e cursou Contabilidade, após casado.
Em 1964, abriu o primeiro PegPag, situado na pracinha da rua 68, algo inédito para a época. Logo se transformou em um supermercado na Capital, o Boca da Mata, e então iniciou as vendas de macarrão para Goiânia e interior, assim se manteve durante dois anos e meio. Mais tarde, foi admitido em uma multinacional suíça onde trabalhou por 10 anos, aproveitou a oportunidade para adquirir experiência em administração de vendas e de cursar Administração de Empresas na Faculdade Anhanguera, em Goiânia.
Desafio como agropecuarista
Na época em que trabalhava na multinacional ele herdou uma propriedade classificada como “campo de 5ª categoria", no município de Vianópolis (GO). Era uma área completamente decadente em termos ambientais, solo ruim e com pouca disponibilidade de água. Ainda assim, Macel aceitou o desafio, e tornou a propriedade altamente produtiva, no meio do Cerrado goiano, utilizando para tanto tecnologias avançadas.
Nesse mesmo período, Macel recebeu dois convites para trabalhar na África e na Venezuela como gerente de marketing de empresas sediadas nestes países, não aceitou. Na década de 1990 se especializou em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e prosseguiu desenvolvendo as atividades de agropecuarista tornando a sua fazenda altamente produtiva.
Foram anos de investimentos, estudos, trabalhos e aplicação de tecnologia, mas hoje, a Fazenda Vargem e Bicas é um exemplo de produção diversificada e sustentável. É uma das propriedades mais produtivas dentro do Estado e extremamente tecnificada. Com a recuperação das matas ciliares dos veios d’água que cortam a propriedade, o problema de pouca disponibilidade de água foi resolvido.
A recuperação foi toda realizada com espécies vegetais nativas da região. Com o apoio de entidades de pesquisa como a Embrapa Arroz e Feijão o solo da propriedade foi recuperado e se tornaram possíveis investimentos na produção de maracujá, trigo e feijão irrigados. Atualmente a propriedade produz feijão irrigado, sorgo, milho e soja em sistema de rotação de culturas. Trabalha com citrus, gado de corte, gado de leite e possui um rebanho de ovinos com mais de duas mil cabeças.
Macel contava com muito orgulho - em suas entrevistas, palestras e conversas com amigos do setor - que a experiência de adquirir uma terra semi-desértica e fazê-la fértil e produtiva foi única em sua vida. Os produtores rurais perdem um de seus mais árduos e fiéis defensores. “Dr. Caixeta” como é chamado por muitos, é a referência goiana nos debates e nas sugestões e defesas da classe nas estruturações dos planos de safra. Sempre se colocou à frente das grandes batalhas do setor, como foi no caso das mobilizações realizadas em Brasília 1999 (Caminhonaço – Agenda positiva do campo) e 2006 (Tratoraço).
Por tudo isso, somado com o seu carisma e sua habilidade, competência e serenidade em buscar a conciliação, era um dos principais nomes a ocupar o cargo de presidente da CNA. Foi com esse entusiasmo e determinação que Macel Felix Caixeta defendeu o setor produtivo e o produtor rural goiano e brasileiro nesses seus 28 de atuação sindical.