Elvis da Silva Melo, 27 anos, deficiente visual total, rio-verdense, foi o grande destaque do Campeonato Brasileiro de Adestramento Paraolímpico, realizado na Sociedade Hípica em Brasília entre os últimos dias 17 e 20.
O atleta, que representou o Estado no evento, participou do campeonato graças ao grupo de Equoterapia Primeiro Sorriso, do qual faz parte há sete meses. Mas de acordo com o equitador Alvanir Vilela Rezende Júnior, responsável pelo grupo, Elvis recebeu treinamento para participar da prova por apenas 30 dias. “Ele é realmente um atleta de destaque. Para se ter idéia, sua nota na prova foi mais alta do que a de um atleta que treina há quatro anos”, enfatizou.
O vencedor recebeu medalhas por duas categorias, a de quarto lugar na classificação geral (onde concorreu com atletas sem nenhum tipo de deficiência) e, a de segundo lugar, na sua categoria.
O grupo de Equoterapia, que desempenha um trabalho exemplar em Rio Verde, participou do campeonato com uma equipe de oito pessoas, entre atleta, fisioterapeutas, equitador e psicólogo.
A oportunidade, segundo Júnior, surgiu através de um convite do grupo que ministrou o primeiro curso paraolímpico do Brasil há dois meses e que ofereceu apenas 25 vagas, do qual ele participou. “O grupo considerou boa minha atuação na atividade e fez o convite. Fiquei muito interessado e decidi inscrever o Primeiro Sorriso para esse desafio”, disse.
Equoterapia Primeiro Sorriso
O grupo surgiu de uma parceria entre a Prefeitura, o Sindicato Rural e Fesurv - Universidade de Rio Verde, em fevereiro do ano passado. O Projeto atende, gratuitamente, portadores de necessidades especiais. As aulas são ministradas de terça a quinta-feira, no período matutino e as sextas, à tarde.
A equoterapia é baseada na prática de atividades eqüestres e técnicas de equitação, sendo um tratamento complementar na recuperação e reeducação motora e mental.
Na parte física, o praticante da equoterapia é levado a acompanhar os movimentos do cavalo, tendo que manter o equilíbrio e coordenação para movimentar simultaneamente tronco, braços, ombros, cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O movimento tridimensional do cavalo provoca um deslocamento do centro gravitacional do paciente, desenvolvendo o equilíbrio, a normalização do tônus, controle postural, coordenação, redução de espasmos, respiração, e informações proprioceptivas, estimulando não apenas o funcionamento de ângulos articulares, como o de músculos e circulação sangüínea.
Durante toda a sessão as terapeutas também ajudam a estimular a auto-confiança, auto-estima, fala, linguagem, estimulação tátil, lateralidade, cor, organização e orientação espacial e temporal, memória, percepção visual e auditiva, direção, analise e sintese, raciocínio, e vários outros aspectos.
Na esfera social, a equoterapia é capaz de diminuir a agressividade, tornar o paciente mais sociável, melhorar sua auto-estima, diminuir antipatias, construir amizades e treinar padrões de comportamento como: ajudar e ser ajudado, encaixar as exigências do próprio indivíduo com as necessidades do grupo, aceitar as próprias limitações e as limitações do outro