O governo anunciou ontem um pacote de medidas para o setor energético. Depois da crise com a Bolívia, o Brasil vai antecipar a produção brasileira de gás natural e produzir em escala industrial o H-BIO, uma junção do óleo mineral com óleo vegetal. Essa última medida deve beneficiar os agricultores do país.
O anúncio foi feito na quinta à noite, no palácio do Planalto, depois da reunião do Conselho Nacional de Política Energética. São três medidas: Na primeira, a Petrobrás vai antecipar para 2008 a produção de gás natural de novas reservas na bacia do Espírito Santo. Vai aumentar ainda a produção nas bacias de Campos e de Santos. A meta é ampliar a produção dos atuais 15,8 milhões de metros cúbicos por dia para 40 milhões de metros cúbicos. O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, afirma que existe um estrangulamento entre o Espirito Santo e São Paulo que não permite o escoamento total desse gás. “Vamos precisar construir um gasoduto”, completa o presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. “Então, eu não tenho ainda os detalhes de quanto vai custar cada um dos projetos que estamos analisando”. O governo também anunciou que pretende transformar as termoelétricas. Além de gás natural, elas passarão a usar álcool, gás de cozinha - o GLP - e diesel. E a medida de maior impacto: a Petrobrás vai produzir em escala industrial, em três refinarias, o H-BIO, que é a junção do óleo mineral com óleo vegetal. “É a mistura do óleo cru, do petróleo bruto, junto com óleo vegetal para produzir diesel”, explica Gabrielli. “É diesel comum, não tem diferença”. A Petrobras começa a produzir o H-BIO no ano que vem. Para a agricultura, é uma boa notícia: essa mistura vai consumir mais de um milhão de toneladas de soja por ano, o equivalente à produção de 420 mil hectares. “Isso cria um novo mercado para a soja, muito positivo para os agricultores e sem nenhum problema para os importadores do produto brasileiro, porque nós vamos continuar exportando farelo. É uma soma positiva, ninguém perde com isso. Todo mundo ganha”, garantiu o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.