A crise no campo forçou agricultor encontrar alternativas. Quem plantava soja, em Goiás, e viu o preço desabar 2 %, em média este ano, agora, aposta na cana-de-açúcar.
O agricultor Afonso Pires arrendou as terras para uma usina de álcool. No estado, o plantio de cana quase dobrou em um ano. Crescimento que chegou até a indústrias de máquinas.
“Em 2006, tivemos um aumento de 60 % em relação que foi o ano passado. Estamos nos preparando para mais que duplicar a produção do próximo ano”, informou o gerente de indústria Leo Marobim.
O plantio de algodão também perdeu espaço. O município de Acreúna, no sudoeste de Goiás, já foi considerado o maior produtor de algodão. A área plantada foi reduzida em 90 %. Segundo os produtores, por causa dos custos altos. Em galpões, está o reflexo da situação. Máquinas agrícolas foram encostadas porque não há perspectiva de uso nas lavouras da região, pelo menos, nos próximos anos.
É um verdadeiro cemitério de colheitadeiras e tratores. Muitos são semi-novos e ainda não foram quitados. É um patrimônio avaliado em R$ 20 milhões.
Sem matéria-prima, a fábrica de algodão foi abandonada e funcionários foram demitidos. Já uma indústria de óleo de soja reduziu em 20 % a quantidade de grãos processados em 2006.
“Muitos produtores, este ano, não tiveram acesso a crédito para poder plantar as suas lavouras e isso vai inviabilizar, ainda mais, as suas atividades. Porque se não planta, automaticamente, ele vai perder patrimônio o que é lamentável”, comentou o presidente da Organização de Cooperativas (GO), Antônio Chavaglia.
Os reflexos da crise chegaram ao comércio. Para receber as vendas a prazo, foi preciso aceitar outros tipos de moeda.
“Tivemos que aceitar como pagamento imóvel, carro, caminhão, trator, máquina usada”, contou o empresário Uilmar Gouveia Guimarães.
“O emprego da população é a agricultura. Se eles não têm trabalho, não vão comprar aqui. Quando a situação dos agricultores é ruim, para o comércio fica pior ainda”, reclamou a vendedora Kely da Silva Alves.
Bom dia Brasil - TV Globo 20/12
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