Especialista alerta produtores a reduzir tempo de arrendamento de 14 para 7 anos. A medida é uma prevenção a eventuais crises no setor
Os produtores que arrendam suas terras para o plantio da cana-de-açúcar devem estar atentos ao tempo do contrato. Em Goiás, alguns donos de terra já fecharam acordos de 14 anos sobre o uso de sua propriedade. O perigo é que em uma eventual crise do setor sucroalcooleiro o produtor pode perder dinheiro, já que as multas para rescisão dos contratos geralmente são altas. Edson José Ustulin, da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar (CNA), que ministrou palestra numa oficina promovida pela Federação da Agricultura em Goiás (Faeg), uma das maiores dúvidas dos produtores rurais é quanto ao destino da terra: arrendamento ou investimento em produção. Ele afirma que isso depende do “perfil do produtor rural”. Se ele já tem tradição no cultivo de outras culturas, vale a pena investir na cana-de-açúcar. Por outro lado, para quem está com a terra parada e não tem experiência a melhor saída é o arrendamento. O vice-presidente da Faeg, José Mário Schreiner, afirma que tanto a entidade quanto os próprios sindicatos ainda têm dificuldade para dar qualquer tipo de orientação aos produtores sobre o assunto. “Para isso serve a oficina, para nos posicionarmos sobre o tema”, diz. A Faeg pretende publicar um documento com tudo o que foi levantado, uma espécie de guia para produtores rurais. O conteúdo do material será finalizado na próxima semana. Cotonicultores ameaçados A proposta do prefeito de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha, de limitar em 10% o território agricultável do município para a produção de cana foi um dos temas discutidos da oficina. A intenção é impedir a suplantação das outras culturas já existentes. Um dos setores preocupados com o avanço do plantio da cana-de-açúcar em Goiás é o dos produtores e representantes da cotonicultura (algodão). A cana já chegou ao Sudoeste Goiano, uma das principais regiões produtoras de algodão, em cidades como Mineiros, Rio Verde e Chapadão do Céu. Ainda ontem lideranças do setor se reuniram com o secretário estadual da Agricultura, Leonardo Veloso. Sobre a possibilidade de a cana se tornar ameaça ao setor algodoeiro, Leonardo Veloso acredita no ordenamento da expansão da cultura no Estado. Veloso disse também que pretende contribuir para o crescimento e desenvolvimento do algodão, apoiando medidas como a aprovação do uso de transgênicos e genéricos. “Defendemos a bandeira dos transgênicos com os inseticidas e herbicidas por ser fundamental na redução dos custos.” O presidente da Associação dos Produtores de Algodão, Haroldo Rodrigues da Cunha, aponta que algumas das principais dificuldades enfrentadas na produção e comercialização do produto hoje são a ameaça da cana e os elevados custos de produção, que tornam o algodão pouco competitivo. “Com esse cenário, temos que estar sempre com a produtividade recorde para conseguir competir com as outras culturas. Estamos lutando para diminuir os riscos da migração para a cana. Diário da Manhã |